O quadrinho que não comprei.

Estou em uma loja enorme e elegante de decoração. Tudo aqui é lindo. Adoro ver essas “casas montadas” com tanta maestria. Impossível negar que são realmente incríveis. Não é por acaso que simbolizam o sonho de tanta gente. Mas não mais o meu.

Vejo um quadrinho na parede. “All you need is less”. “Tudo o que você precisa é de menos”. Dou risada sozinha. De todas as coisas na loja, o quadrinho é o que eu mais sinto vontade de comprar. “Seria meio paradoxal, né Rafaela?”, penso comigo mesma. É. Deixo de lado a ideia de comprá-lo.

De que adianta adquirir algo decorativo, se no futuro nem pretendo ter uma casa para colocar quadros? É nesse tipo de pequeno, mas emblemático momento, que percebo como minimalismo realmente deixou de ser um conceito e agora se transforma, de fato, em uma forma de existir no mundo para mim.

Menos um quadrinho aqui. Menos uma roupinha ali. Menos um carro. Menos um IPVA. Menos trabalho. Menos coisas. Mais tempo. Mais experiências.

Para mim, isso é minimalismo. É liberdade de escolha. É enxergar que por trás de cada bem adquirido, há tempo investido. Tempo que não volta mais. É enxergar com uma clareza – quase que assustadora – que às vezes o preço de comprar as coisas é muito alto.

E poder, ainda que com certa tristeza, deixar o quadrinho na loja. Tudo bem. Provavelmente, ele fará alguém com valores diferentes dos meus feliz. Não há problema algum nisso.

Hoje entendo que, no meu caso, aqueles R$53,00 podem ser melhor gastos em um café com um amigo, uma viagem pelo mundo ou mesmo algumas horas a menos de trabalho e extras de leitura.

Menos é mais.

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