Será que viajar e trabalhar simultaneamente pode nos tornar profissionais (e pessoas) melhores?

Viajar e trabalhar ao mesmo tempo não é necessariamente “uma nova forma” de se viver – há muito tempo profissionais autônomos, empresários e até alguns colaboradores têm acesso a essa possibilidade. A novidade é que, com a ascensão tecnológica, o modelo de trabalho remoto hoje é muito mais acessível.

Devido às novas profissões (como a de Social Media) que nasceram com o universo online e todas possibilidades de conexão que o mundo digital trouxe, aliar trabalho e viagens já é possível para um número cada vez maior de pessoas. Agora, experimentando um pouco desse lifestyle, penso que ele pode ser revolucionário de inúmeras formas.

Cada vez mais, embasada por minha própria experiência e pelas conversas que tenho com outros(as) nômades digitais que tive o prazer de encontrar no meu caminho, percebo que essas mudanças na forma de se trabalhar causam impactos muito positivos e transformadores.

Topa aprofundar a reflexão comigo? Abaixo, vou compartilhar alguns insights sobre como penso que o trabalho remoto pode nos tornar mais criativos e humanizados.

Viajar e trabalhar é um convite à quebra de preconceitos

Acompanhei recentemente uma entrevista do filósofo Mario Sérgio Cortella no Youtube em que ele afirma: 

“Há pessoas que são alienadas porque não têm opção, outras são alienadas por escolha”. 

Como interpretei isso? Bem, creio fortemente que é uma provocação acerca do “estilo de vida moderno padrão”. Alienar-se por não ter escolha é a realidade para uma enorme fatia da população brasileira. São pessoas que vivem em modo automático porque não têm uma possibilidade de escolha consciente. Fazem o que têm de fazer para sobreviver.

Já para a fatia da classe média/alta (incluo eu e você nesta categoria, já que, considerando que você está lendo este artigo em um computador ou smartphone, provavelmente tem um poder aquisitivo pelo menos um pouco mais elevado), a alienação por comodidade é muito mais comum. Em outras palavras: adoramos entrar no piloto automático.

Trabalhar, comer, estudar, assistir televisão, dormir. Repete. Isso é alienação opcional. Com esse estilo de vida, fica fácil deixar a criatividade de lado. Parar de apreciar a vista da cidade. Não enxergar mais aquele mendigo na rua. Apegar-se a picuinhas, preconceitos, futilidades. Todo esse conjunto de fatores nos empobrece em corpo, mente e espírito.

É justamente este ponto que quero enfatizar: quando você começa a trabalhar de forma remota, cada novo lugar onde você se instala pode ser um choque de realidade. Conforme mencionei recentemente em um post no Instagram, quando você não tem uma rotina ancorada para seguir, começa a ficar muito mais atento e sensível a tudo.

Precisa encarar medos reais, se adaptar a lugares e pessoas – tudo isso enquanto atende clientes no celular e realiza seu trabalho efetivamente. Você acha que sobra tempo para dar atenção a fofocas ou se preocupar com coisas pequenas, como uma sujeirinha na toalha de mesa? É claro que não.

Precisamente por isso que acredito que, conforme o trabalho remoto se tornar mais popular, maior será o número de pessoas despertando de uma rotina “robotizada”. Esse “despertar” pode ser muito transformador.

O nomadismo digital nos permite evoluir como seres humanos.

Aí também entra outro ponto…

Nomadismo digital não é turismo – e isso é ótimo!

Noto que muitas pessoas ainda não compreendem que viajar e trabalhar como nômade digital é fazer algo bem distinto do turismo padronizado. Não é porque você não tem um ambiente de trabalho fixo ou um lugar certo para exercer seu ofício que está de férias. Pelo contrário!

Quem exerce trabalho remoto também precisa ganhar dinheiro – até mesmo para bancar suas viagens. É aí que entra o ponto: o(a) nômade digital não vai para um país necessariamente com o intuito de visitar determinados pontos turísticos e fazer compras. Ele(a) precisa de uma infraestrutura (local com internet, hospedagem com preço atraente e acessível).

Isso significa que os(as) nômades digitais ocupam o mundo de uma forma diferente. Não é só sobre ir para um país diferente. Devido aos tópicos que acabei de mencionar, os(as) nômades costumam se adaptar à cidade como verdadeiros locais, muitas vezes alugando casas de moradores pelo Airbnb e escolhendo bairros alternativos.

O(a) nômade não é um turista. Ele(a) tem essa sede de conhecer a cultura do lugar, a forma como as pessoas vivem o dia a dia ali. Afinal, também vai construir um certo senso de rotina na cidade (tomar café da manhã, trabalhar e, no fim do dia, quem sabe passear um pouco).

Tudo isso pode parecer pequeno, mas é transformador. Acho lindo ler relatos como o do Lucas Morello – um dos nômades que adoro acompanhar – , sobre como o nomadismo o fez entrar em contato com outras formas de ver a vida, de comer, de rezar, de perceber o mundo. 

O(a) nômade tem essa tendência de levar um pouquinho de cada lugar pelo qual passou consigo. Fazer turismo é diferente, muitas vezes é caro e pode até “explorar” uma cultura. Você mergulha naquilo e depois vai embora. Só que quando você leva a vida inteira na bagagem (seus pertences, seu trabalho, suas crenças), a desconstrução é mais profunda.

O impacto disso é muito grande. Em um mundo que parece querer construir cada vez mais muros, profissionais que têm sede de se experimentar em diferentes contextos e quebrar seus próprios preconceitos e crenças podem fazer uma mudança enorme.

Pode até soar exageradamente otimista, mas eu acho que sim: viajar e trabalhar tende a nos tornar pessoas melhores e nos aproximar de novo daquela utopia do Lennon. Viver em um mundo com mais paz, união, amor e respeito.

Curtiu os insights? Tem alguma experiência nômade para compartilhar? Coloca aqui nos comentários que eu vou amar ler e responder!! 🙂

E, se você pensa em virar nômade digital, vou citar mais uma vez o livro do Matheus de Souza, que também considero autoridade no assunto: “Nômade Digital: Um Guia para Você Viver e Trabalhar Onde e Como Quiser”*. É ótimo para começar seu projeto de trabalhar e viajar do zero.

*Observação: este livro contém meu link do Programa de Afiliados da Amazon. Ao comprar através dele, você não paga nada mais, mas eu recebo uma pequena comissão que ajuda a rentabilizar meu trabalho para que eu possa continuar escrevendo estes textos. Obrigada!

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