Como lidar com os medos envolvidos na vida de produtor de conteúdo freelancer?

O medo representa uma emoção visceralmente humana. Se alguém um dia lhe disser que não sente nenhuma faceta de medo, desconfie. Todos tememos algo. A morte de uma pessoa querida. Perder uma oportunidade. Contrair uma doença. A falta de dinheiro. Nossa lista de medos tende a ser bastante extensa, se você parar para pensar.

No livro “Supercérebro”, inclusive, os médicos Deepak Chopra e Rudolph E. Tanzi explicam que todas as emoções que costumamos caracterizar como negativas – medo, ansiedade, estresse – na verdade tem um propósito evolutivo, marcado em nossa mente e DNA. Elas existem para nos proteger. Mas não deveriam nos aprisionar.

Por isso, se você sonha em virar freelancer/nômade, sinto que vale a pena avisar: trata-se de uma escolha que, sem dúvidas, vai obrigar você a olhar de frente para alguns desses medos. Talvez alguns dos maiores da sua vida. É por isso que decidi abrir e compartilhar minha experiência aqui.

Quem sabe, ao ler sobre ela, você já consiga se preparar melhor. Ou, até mesmo, superar a fase dos medos mais rápido e começar a viver logo o lado mais legal do nomadismo.

Os medos que senti ao virar freelancer

Minha decisão de largar meu trabalho com carteira assinada, viver como freelancer e começar a viajar não aconteceu da noite para o dia. Levei mais de um ano de terapia, planejamento e rotina insana de trabalho CLT + freelas na hora do almoço e finais de semana para, finalmente, decidir: agora eu vou ser minha própria chefe.

Eu trabalhei mentalmente meus medos antes de tomar a decisão final. Medo de não receber pagamentos em dia. Medo de faltar grana no fim do mês. Medo do meu ego não dar conta de não ser mais gestora de conteúdo em uma agência cool de Marketing Digital. Medo de não vencer a procrastinação em casa.

Percorri todos os cenários possíveis na minha cabeça. “Se faltar grana, tenho grana guardada, vendo meu carro, vou dar um jeito”. “Se bater a solidão, trabalho num coworking”. “Se faltarem clientes, volto a mandar currículo para outros lugares”. Agora é a hora. Tenho que pagar para ver.

Mas, como você já pode imaginar, teoria e prática são bem diferentes. Juro para você: mesmo tendo arquitetado tudo certinho, logo no primeiro mês em que não recebi meu salário na conta bancária naquele 5º dia útil, senti um aperto na barriga e pensei: “Eles estavam certos. Não vou dar conta. Essa vida não é para mim”.

Os medos tomaram conta de mim de maneira avassaladora. E foi um exercício DIÁRIO relembrar todo o caminho que percorri até tomar a decisão de ser freelancer. Tive de rememorar diariamente os motivos que me levaram até aquele ponto.

Bem, o fato é que eu continuei lutando contra os “fantasmas” e, hoje, posso dizer que vivo a vida que sempre sonhei. Faço meus horários. Viajo com relativa frequência. Trabalho de onde eu quiser. E já não sinto tanto medo. Como?

Vou explicar agora  – além de dar tempo ao tempo – qual foi o processo que me permitiu superar a insegurança e continuar firme na minha decisão de “viver de freela”.

Como lidei com os medos?

O que vou dizer a seguir não é válido somente para a carreira de freelancer, mas para todos os medos que você cultiva na VIDA: para se libertar, você precisa compreender a RAIZ deles. Vou dar um exemplo prático…

Quando pedi demissão da CLT, eu já tinha guardado mais dinheiro em um ano do que em toda a minha vida antes. E, mesmo assim, eu sentia medo de não tê-lo. Às vezes, quanto mais você guarda, menos seguro se sente. Parece que nunca haverá “segurança o suficiente”.

Você certamente conhece alguém que tem um monte de dinheiro guardado no banco e, ainda assim, sempre tem medo da escassez, não é? Um verdadeiro desperdício de energia e recursos. 

No livro “Ferramentas dos Titãs”, Tim Ferriss aborda precisamente este tópico: quanto mais dinheiro você tiver, mais estará em jogo. E o ser humano nunca quer perder. Então, paradoxalmente, quanto mais você acumula, mais você teme.

O autor, inclusive, compartilha uma de suas “táticas de guerrilha” como investidor: ele costuma, de vez em quando, colocar um saco de dormir no chão e passar a noite lá só para colocar as coisas em perspectiva. “O que é o pior que pode acontecer?” Se você arriscar, você pode perder, sim. Voltar a dormir em um colchão, quem sabe. Mas e daí?

Por outro lado, também pode ganhar muito mais. E, geralmente, quando você se liberta do medo, é exatamente isso que acontece. Você ganha propostas melhores. Oportunidades mais legais. Conquista até mais respeito das pessoas!

Por isso, revisitar seus medos também é uma forma interessante de ressignificar sua vida. Por exemplo: hoje, me considero feliz e bem sucedida profissionalmente. Mas isso não significa que eu não tenha medos. Eles só mudaram de face e me incomodam menos.

Hoje tenho mais medo de não viver tudo que quero viver do que de não ter dinheiro.

Tenho mais medo de sacrificar minha saúde trabalhando de forma insana do que de recusar trabalhos.

Tenho mais medo de desperdiçar minhas horas para ter um pagamento fixo do que de fazer aquilo que eu realmente quero fazer. 

Moral da história: escolha bem seus medos. Explore-os. Encare-os de frente. Se você não se tornar prisioneiro(a) de tais sentimentos, acredite: eles podem até ser uma ferramenta incrível de transformação.

Observação: os livros mencionados neste artigo contém meus links de afiliada no programa da Amazon. Ao comprar através deles, eu recebo uma comissão e você ajuda a rentabilizar meu trabalho para que eu possa continuar escrevendo artigos. 

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