Como seu egoísmo prejudica você mesmo(a), seu trabalho e o mundo?

Antes de mais nada, peço desculpas. Estou ciente de que o título deste artigo pode soar um pouco intimidador, mas meu intuito aqui foi realmente captar a sua atenção. De todo modo, minha proposta não é apontar dedos – é propor uma reflexão. Aliás, já faço mea culpa: sei que, em muitos aspectos, também sou uma pessoa egoísta.

Mas vamos por partes

Este texto, na verdade, não foi planejado. A inspiração veio depois de assistir o discurso do brilhante Joaquin Phoenix ao receber o Oscar de Melhor Ator por sua atuação no filme “Coringa”. Como amante das palavras, adoro analisar (e me emocionar) com discursos. 

Phoenix me fez chorar ao abordar um tema que vem me causando extremo desconforto ultimamente: o egoísmo humano e seu potencial autodestrutivo que, posteriormente, é estendido a todas as demais formas de vida.

Topa aprofundar um pouco a reflexão?

O egoísmo mata todos os dias, em diferentes contextos

Phoenix, além de ser um ator brilhante, também é ativista, vegano e luta pela causa animal. Não é de se admirar que, depois de tomar essa decisão de vida, ele provavelmente tenha desenvolvido uma certa sensibilidade acerca do mundo. Seu discurso (e seu trabalho como ator, claro) transparecem essa lucidez.

Um dos pontos que mais me chamou atenção em sua fala foi justamente este abaixo, em que ele admite ter sido uma pessoa egoísta em suas relações, em seu trabalho, em sua vida, de modo geral:

“Durante muitos anos, eu fui uma pessoa egoísta, cruel e difícil de se trabalhar. E fico muito feliz que tantos de vocês, nesta sala, tenham me dado uma segunda oportunidade. Nós atingimos nosso melhor quando ajudamos uns aos outros a crescerem e não nos cancelamos por nossos erros.”

Lindo, não é? E a essência das palavras do ator é que, de fato, o egoísmo é o fio condutor da exploração em inúmeros contextos – do racismo à violência doméstica, passando pela exploração dos animais…

Somos egoístas quando rejeitamos uma cultura diferente, crenças distintas, quando julgamos alguém pela orientação sexual, quando tratamos mal as pessoas no trabalho ou na rua…

E nós fazemos isso muito, mesmo sem querer ou de forma inconsciente! É difícil admitir, eu sei.

Pois bem, mas foi justamente por isso decidi trazer a provocação aqui hoje. Porque sim: nós somos egoístas. E só podemos transformar isso uma vez que olhamos para esse lado feio de nós mesmos. 

Você tem coragem de olhar para seu egoísmo?

Chorei quando ouvi aquele trecho do discurso porque olhando para trás, hoje, sei que também fui uma pessoa egoísta em diversas situações da vida. Em muitos momentos deixei de defender pessoas em situações cruéis, falei mal de outras mulheres, julguei amigos e amigas por suas escolhas de vida.

Também é assustador pensar no quanto provavelmente ainda sou egoísta, ainda que talvez sem perceber. Mas eu gosto de um princípio da Yoga, chamado de não-violência, que é justamente a nossa capacidade de olhar para esse nosso egoísmo, nos perdoarmos e começarmos a modificar nossas ações a partir de agora.

Algo simples, como tirar a sua carne do prato uma ou mais vezes por semana, já é um ato altruísta e revolucionário no mundo em que vivemos. E, se parecer difícil, vou contar um segredo que pode ser estimulante: quanto menos egoístas somos, mais passamos a perceber quantas oportunidades incríveis a vida oferece.

Desde que me propus a tentar ser mais gentil e humana nas minhas relações pessoais e profissionais, descobri que não há nada que abra mais portas. Sobram mais amigos verdadeiros, o trabalho fica mais leve, as pessoas querem você por perto…e, como mágica, a vida toda parece fluir. 

Este é o grande paradoxo: acontece que deixar de ser egoísta é, veja bem, excelente também para o próprio egoísta. Então, reflita sobre suas ações. Alinhe seu discurso à prática. Sei bem olhar aquilo que há de ruim em nós nem sempre é simples.

Mas isto eu posso afirmar com certeza: o caminho do autoconhecimento e da reciprocidade é mágico.

Vou deixar o vídeo do discurso completo aqui, caso você queira assistir e se emocionar também! Não deixa de me contar depois o que achou, se você também gostou…eu vou amar saber.




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